Tainá Müllerのインスタグラム(tainamuller) - 8月16日 07時07分

Não foi fácil. Não fiquei plena o tempo todo, o contrário. Logo depois que engravidei o ministério da saúde recomendou que nenhuma mulher brasileira engravidasse por causa do Zika vírus. As fotos dos bebês com microcefalia todos os dias na capa do jornal me tiravam o sono e acho que isso acabou ocasionando as contrações que começaram já na décima oitava semana e seguiram até a trigésima quarta, quando Martin nasceu. Eu estava no Rio de Janeiro, epicentro da epidemia no Brasil. Passava o dia trancada em casa, acampada no banheiro porque além de tudo tive muita náusea. Meu marido trabalhava o dia inteiro e por um momento rolou a desconfiança de que até a saliva passava o vírus, então ele tinha receio de me beijar quando chegava em casa. Aliás a casa, as nossas roupas, tudo tinha cheiro de repelente. Também lembro de parecer estar em um pesadelo solitário, já que todas as pessoas viviam suas vidas normais, exceto as gestantes. Mas pelo menos no final da gravidez, quando ele entrou de férias, pudemos viajar pra um lugar sem Aedes aegypti e eu consegui relaxar. Na volta cancelamos a assinatura do jornal. Fiquei tão paranóica com mosquito que chorei um dia que fui picada no supermercado.

Enfim, hoje é o dia da gestante e eu resolvi compartilhar essa história pra lembrar as mulheres grávidas de, apesar de tudo, tentarem curtir ao máximo a gravidez. Gostaria de ter tido a capacidade de relaxar mais, de ter me conectado mais com a barriga e menos com a epidemia. Mas também a gente sempre faz o que está ao nosso alcance.

Curtam-se, sintam-se e fotografem muito essa barriga. Por que ela, assim como tudo, passa. Vai passar.

#diadagestante

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