Tainá Müllerさんのインスタグラム写真 - (Tainá MüllerInstagram)「Eu, mulher branca, nunca senti na pele o que é ser negra no Brasil. Mas eu tenho ouvido bastante as manas negras. E cada vez que ouço, tenho engulhos. Uma mistura de vergonha com tristeza profunda. Vergonha e tristeza ancestral. Vergonha por ainda me sentir espantada com as revelações que ouço. Vergonha. Vergonha. Vergonha. Como só agora essa realidade está descortinando na minha frente?Justo eu que nunca me considerei racista, que sempre me comovi (daqui de longe, do alto do meu privilégio) com a causa negra. Ah, então aquela vez que aquele grupo de meninos passou correndo por mim e eu segurei mais firme a bolsa foi racismo? Sim, eles só estavam correndo pra pegar o ônibus a tempo. Se fossem meninos brancos eu também seguraria a bolsa contra o corpo? Provavelmente não. O que essa diferença na minha percepção/comportamento quer dizer? Racismo incrustado. Racismo nas entranhas desse país, no inconsciente de pessoas como eu, que nunca se consideraram racistas. É difícil pra caralho reconhecer isso. Mas assim como é de bom tom que os homens passem a reconhecer o machismo, nós brancos precisamos reconhecer o racismo. Não é individual, é estrutural. A ferida está aí e está aberta há muito tempo. Quem é branco talvez não veja, simplesmente porque não é na gente que dói. Mas a gente tem a OBRIGAÇÃO de estudar, de ouvir e de se aprofundar sobre essa CAGADA sem fim que foi ter escravizado seres humanos e, pior ainda no Brasil, por tanto tempo. Por tê-los arrancado de suas famílias, reinos, culturas e trazido pra cá como seres sem identidade. Por tê-los condenado à miséria e à exclusão social. Por não termos contado a história de resistência e bravura de seus povos nas escolas. Somos karmicamente, socialmente, historicamente responsáveis por esse holocausto negro que AINDA está em curso nesse país. É desconfortável se sentir no lugar da culpa? Pergunta para um negro como é o lugar do oprimido e ouve até o fim.」7月4日 12時33分