Tainá Müllerのインスタグラム(tainamuller) - 5月11日 23時33分

Essa profissão é muito maluca. Às vezes a gente tem sorte, outras nem tanta. Uma roleta de oportunidades, onde o acaso tem um papel muito importante. Mas o que aprendi nesses pouco mais de dez anos sendo atriz é que o que levamos pra vida mesmo de cada trabalho são as pessoas que encontramos pelo caminho. Foi um privilégio gigante ter dividido cena, camarim e ideias com Marieta Severo. Que, aliás, de "Severo" não tem nada. A "Uerê do nosso Olimpo", como a chamava. É tão bom olhar pra cima e encontrar alguém tão pé no chão, tão autêntica, gentil, interessada pelo outro e, principalmente, com tanto frescor! Por que o lema da minha vida a partir de agora é ENVELHECER SIM, DATAR JAMAIS.
Saio desse trabalho levando comigo o olhar sapeca de Marieta como uma referência: é possível amadurecer sem perder a alma rebelde. A rebeldia é o fogo do artista e esse fogo volta e meia precisa ser alimentado para se manter ardendo. Se esse fogo apaga, o artista morre.

Ontem, num discurso lindo, Fernanda Montenegro_ nossa deusa máxima e portadora de uma chama interna inapagável_ disse algo que também vou levar comigo. Nós, atores, sempre vamos pertencer ao submundo, porque nascemos e morremos todos os dias em cena. Sim, Fernandona. Obrigada também pela generosidade de compartilhar sempre a sua sabedoria com quem ainda tem um longo caminho a trilhar. Não menos ardente, Dona Laura Cardoso também nos ensinou lições preciosas nesse trabalho.

Essa é uma profissão linda de caminhos tortuosos, de mergulhos (e esperas) sem fim. Mas cada vez que me deparo com a ardência de uma alma dessas como a de Marieta, Fernanda, Laura e tantas outras com quem tive o prazer de trabalhar, uma nova fagulha desperta em mim. Afinal, o poder dessas deusas é justamente esse, o de acender as almas das multidões e as fazer querer, apesar de tudo, continuar.

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