Ontem finalmente assisti "Roda Gigante", do Woody Allen. Eu, que nunca perdi nenhuma estreia dele no cinema, confesso que demorei dessa vez por ranço do homem e não do artista, de quem sou invariavelmente fã. Mas como nada é tão simples assim no tempo agora, resolvi assistir e me detenho aqui no elogio à obra. Que filme! Ginny caminha pela areia da praia igual caminha a humanidade. Ansiosa, perdida, arruinada por escolhas que a levaram a um destino barulhento e sufocante. A personagem da maravilhosa Kate Winslet está à beira de um colapso. Tem vontade de começar do zero, mas já não pode. Prestes a completar 40, ela tem medo de envelhecer, porque sabe que a cada aniversário ela perde um pouco de seu valor. Tem vontade de morrer no mar (a origem de tudo?) mas também não dá, pois tem um filho que dela depende e que está ainda mais perdido do que ela mesma. O menino incendiário é uma representação pertubadora de um futuro incerto. Em um primeiro momento achei que o filme do Allen podia ser uma espécie de reconhecimento à condição feminina, que no fundo permanece pouco alterada dos anos 50 até aqui. Depois me surpreendi lendo os jornalistas que o viram como autobiográfico, pois não consegui enxergar assim. Mas, por fim, eu diria que Allen falou de todos nós que estamos vivendo esse momento louco do mundo, vendo nossos sonhos mais puros serem soterrados pela mesquinhez de um cotidiano que parece ter fugido do nosso controle e nos destrói. A culpa é a grande protagonista do filme. Ginny não se perdoa por ter arruinado sua vida com escolhas ruins. E Allen propõe a dúvida: até que ponto realmente estamos no comando de nossas escolhas e destinos? A tragédia humana parece às vezes caminhar com vida própria. Mesmo assim, não podemos perder a capacidade de nos inconformar. Roda Gigante ganhou meu coração como um dos filmes mais profundos desse diretor que a gente já não sabe se ama ou se odeia. #RodaGigante #WoodyAllen

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Tainá Müllerのインスタグラム(tainamuller) - 4月5日 11時11分


Ontem finalmente assisti "Roda Gigante", do Woody Allen. Eu, que nunca perdi nenhuma estreia dele no cinema, confesso que demorei dessa vez por ranço do homem e não do artista, de quem sou invariavelmente fã.
Mas como nada é tão simples assim no tempo agora, resolvi assistir e me detenho aqui no elogio à obra. Que filme! Ginny caminha pela areia da praia igual caminha a humanidade. Ansiosa, perdida, arruinada por escolhas que a levaram a um destino barulhento e sufocante. A personagem da maravilhosa Kate Winslet está à beira de um colapso. Tem vontade de começar do zero, mas já não pode. Prestes a completar 40, ela tem medo de envelhecer, porque sabe que a cada aniversário ela perde um pouco de seu valor. Tem vontade de morrer no mar (a origem de tudo?) mas também não dá, pois tem um filho que dela depende e que está ainda mais perdido do que ela mesma. O menino incendiário é uma representação pertubadora de um futuro incerto. Em um primeiro momento achei que o filme do Allen podia ser uma espécie de reconhecimento à condição feminina, que no fundo permanece pouco alterada dos anos 50 até aqui. Depois me surpreendi lendo os jornalistas que o viram como autobiográfico, pois não consegui enxergar assim. Mas, por fim, eu diria que Allen falou de todos nós que estamos vivendo esse momento louco do mundo, vendo nossos sonhos mais puros serem soterrados pela mesquinhez de um cotidiano que parece ter fugido do nosso controle e nos destrói. A culpa é a grande protagonista do filme. Ginny não se perdoa por ter arruinado sua vida com escolhas ruins. E Allen propõe a dúvida: até que ponto realmente estamos no comando de nossas escolhas e destinos? A tragédia humana parece às vezes caminhar com vida própria. Mesmo assim, não podemos perder a capacidade de nos inconformar. Roda Gigante ganhou meu coração como um dos filmes mais profundos desse diretor que a gente já não sabe se ama ou se odeia. #RodaGigante #WoodyAllen


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2018/4/5

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